Misión Bolivia - documental (subtítulo en español)
Finalmente você pode descansar, Roger
Dois anos e três meses depois de sua morte, Roger Pinto Molina pode finalmente descansar. O homem que ordenou a perseguição implacável contra ele, destruindo sua carreira política e agredindo sua reputação, finalmente perdeu o poder: Evo Morales, o ditadorzinho boliviano que renunciou domingo depois de desrespeitar um plebiscito que o impedia de tentar o quarto mandato consecutivo como presidente da Bolívia e fraudar a apuração dos votos.
Roger foi vereador, governador do estado de Pando, dirigente empresarial e sindical, deputado federal e se elegeu senador em 2005. A denúncia de envolvimento com o narcotráfico que fez - fartamente documentada – contra o todo-poderoso ministro Juan Ramon Quintana e seus cúmplices, com a vista grossa de Morales, selou sua sentença de morte.
Perseguido e com processos na amestrada Justiça boliviana, avalizados por Evo, refugiou-se na embaixada brasileira de La Paz, mas foi o mesmo que se esconder no covil dos leões: aliada de Morales, a presidente Dilma Rousseff concedeu-lhe asilo (puro jogo de cena) mas não reagiu às seguidas negativas do presidente boliviano, em flagrante violação ao ordenamento internacional, de conceder a Roger o salvo-conduto para deixar o país.
Quatrocentos e cinquenta e quatro dias depois, ele foi removido clandestinamente da embaixada pelo diplomata Eduardo Saboia e trazido às escondidas até Corumbá. Possessa, Dilma destituiu o chanceler Antonio Patriota e pôs na geladeira do Itamaraty os diplomatas heróis – cujos esforços foram reconhecidos pelos então chanceleres José Serra e depois Aloysio Nunes Ferreira no governo Temer, que os reconduziram ao trabalho diplomático e promoveram Marcel Biato (então embaixador na Bolívia) para a representação brasileira na AIEA em Viena, Eduardo Saboia (secretário da embaixada em La Paz) para a Embaixada no Japão e Manuel Montenegro (conselheiro da embaixada brasileira em La Paz) para o posto de embaixador no Azerbaijão.
Roger morreu em 16 de agosto de 2017, em consequência da queda do avião experimental que pilotava nas imediações de Brasília. Suas cinzas repousam em Cobija, capital de Pando. Sua família está asilada no Acre por causa das perseguições dos aliados de Evo Morales.